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TEMPORALIDADE | 2012

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Acrílico s/tela - 800 mm x 800 mm


(Foto 10/10)

Desde a infância que sinto um grande fascínio por antiguidades, ainda hoje, recordo-me do quanto me alegrava por encontrar certos objetos que a minha avó depositava no espaço de arrumação destinado ao esquecimento. Durante o meu percurso académico aprofundei conhecimentos em história de arte e em história do design. E, como apaixonada pela arte, encarei as artes plásticas como algo indissociável do engenho e vice-versa. Cada um dos objetos representados nos meus quadros são uma obra de arte por si só, marcando evoluções, épocas e suas tendências inerentes. Como todos nós sabemos, o final do século XVIII e durante todo o século XIX, foi marcado por inúmeras descobertas em diversas áreas do conhecimento. A tecnologia evoluí de forma exponencial alterando o modo de vida da sociedade da época. Inovações como, a eletricidade, o telefone, os meios de transporte, a máquina fotográfica, o rádio, os gramofones, as máquinas de escrever e de tantas outras descobertas tecnológicas a par da Revolução Industrial, possibilitaram justamente essas profundas mudanças na sociedade. Foi em objetos do quotidiano do século XIX, de certa forma perdidos no tempo, no espaço e na memória de alguns, que me foquei, e neles “bebi” a inspiração que precisava para desenvolver este trabalho composto por 8 quadros em acrílico s/tela a que dei o nome de “Temporalidade”. Foi extremamente desafiante pesquisar cada um destes objetos, acompanhar o seu percurso evolutivo que em alguns casos resultou no completo desaparecimento, como por exemplo a máquina de escrever e os gramofones. A paleta de cor que utilizei, reflete alguma nostalgia e a representação que fiz destes objetos de forma realista, mas também espontânea, deixa escapar propositadamente algumas partes inacabadas, conferindo-lhes uma carga simbólica, que pretendeu que apelasse e estimulasse o interesse, a curiosidade e o conhecimento destes maravilhosos objetos por parte de algumas pessoas, sobretudo das gerações mais novas. Da mesma forma os representei inacabados como analogia à atual memória apagada para outras pessoas.